Os lúcidos seguidores

terça-feira, 12 de setembro de 2017

O tempo

Da ilusão surgem momentos passageiros
Vêm-me realidades cada vez mais fracas
Meu corpo marcado de momentos ligeiros
As verdades cada vez mais raras
Fumo um cigarro para passar o tempo
Enquanto o tempo para

Embriaguez

Embriaguei-me de mim mesmo, e vivi a pior de todas as ressacas, a ressaca moral.

O raso olhar

O olhar profundo, raso e negro. O olhar que rasga o mundo, com sua dúvida, olhos tenebrosos, pupilas dilatas e a face completamente paralisada, um rosto de conformação, nas marcas que fundem o minha face, escorrem o mais puro tédio.

O silêncio

O silêncio da resposta, significa qualquer resposta que você ache mais conveniente dar, naquele momento, assim o silêncio nos enche de dúvida sobre a real resposta que poderíamos ouvir, o silêncio nos come pela expectativa de alguma resposta que nunca vai chegar, a cada segundo você já tentando prever o movimento da boca dizendo algo, que na verdade nunca dirá, pois o silêncio lá se entregou e selou na boca as palavras que resolveriam suas dúvidas, apenas agora você tem uma possível resposta, na dedução aleatória do silêncio, afinal, para quebrar o silêncio precisa-se ter o que dizer, e o que dizer no momento certo quando faltam-lhe palavras, não precisa de palavras para dizer o que o silêncio já diz.

Meu novo lar

O bar é o meu novo lar
Lá  eu posso beber e fingir minha embriaguez
Posso conversar qualquer coisa, coisa qualquer
Posso beber sem ter culpa, fingindo motivos
Posso beber simplesmente pelo vicio
O vicio de querer sempre um pouco mais
Um pouco mais nunca faz mal
Mas de pouco em pouco se faz uma garrafa
E uma garrafa sim, faz mal
Nesse meu novo lar, chamado bar
Acolhedor dos bêbados e solitários
Ou mesmo dos boêmios sem razão
Bebo mais uma dose, engolindo a conformação
Esquecendo dos fatos, me faço um novo homem
Bêbado e conformado, afinal
O bar é o meu novo lar

Senha perdida

Nesses dias a vida toma sobressaltos, ficamos nos perguntando sobre os últimos minutos, sobre os últimos momentos, as últimas perguntas, tudo muda em instantes. A complexidade das diversas situações e dos momentos que nos esculpem, nos fazem essa loucura que somos, somos um senha perdida e esquecida, que nossa cabeça força a todo momento tentando se lembrar, em vão. A melhor forma de saber lidar com tal complexidade inata a todos nós, é ter consciência de tal complexidade, de saber que nem mesmo você se conhece, e que você pode tomar atitudes que vão lhe contradizer, palavras nos enganam, nos ludibriam igual a literatura, mesmo as palavras espontâneas.